Coração feito de engrenagens

Acessamos o Google Notícias e fizemos uma busca utilizando a palavra “robô”. Alguns dos resultados que apareceram foram:

“Robô com inteligência artificial apresentará noticiário na TV chinesa”

“Robôs já aprendem tarefas só observando e imitando humanos”

“Rosa é o primeiro robô a ajudar numa cirurgia ao cérebro”

“Robô do Google telefona para pessoas e conversa com elas”

Esses são apenas alguns exemplos de títulos de matérias recentes encontradas na pesquisa. Se você fizer o mesmo e for adiante, vai encontrar até robôs jornalistas, capazes de redigir notícias. Estranhamente, esses avanços tecnológicos criam mais desconforto que comodidade — o contrário do que imaginávamos quando assistíamos Os Jetsons,

A Quarta Revolução Industrial

Essa nova era da robótica, exemplificada nas referências acima, é chamada de indústria 4.0, ou de Quarta Revolução Industrial. Inteligência artificial, machine learning, internet das coisas, big data, computação em nuvem e outras tecnologias permitem elevar a automação à enésima potência.

Como você já pôde perceber, uma das consequências desses avanços tecnológicos é a substituição da mão de obra humana por máquinas. Aí está a origem de um grande desconforto: a incerteza de uma realidade em que os robôs são cada vez mais protagonistas e, principalmente, o medo de perder o emprego.

Olhando sob a perspectiva da sabedoria milenar do taoísmo, budismo, zen e outras vertentes do pensamento oriental, temos o ensinamento de que tudo está em constante mudança e a origem do nosso sofrimento está em resistir e relutar contra as transformações que não temos como controlar ou frear.

Trazer essa mentalidade para os tempos atuais é importante porque o avanço da tecnologia é irreversível. A indústria 4.0 vai continuar se desenvolvendo a passos largos, e o melhor que temos a fazer é reconhecer esse movimento e aceitar as transformações.

Se, enquanto seres humanos, não nos desenvolvermos com a mesma velocidade para adquirir autoconhecimento, novos aprendizados e potencializar a nossa flexibilidade, criatividade e capacidade de adaptação, corremos o risco de ficar para trás e perder a mão de um futuro que já é realidade.

Mudança cultural

A aceitação é apenas o primeiro passo, e o segundo não é somente criar produtos e modelo de negócio baseados nas novas tecnologias. Antes disso, o roteiro recomendável é entender o que chamamos de mindset digital. É uma forma nova de organização no trabalho, que só é possível com grandes mudanças culturais dentro das empresas.

Os colaboradores precisam se acostumar com o aprendizado constante, com conhecimentos multidisciplinares e estratégias disruptivas. Os gestores, com a transparência, estímulo à criatividade e espaços horizontais de diálogo entre diferentes setores e níveis hierárquicos. Em nosso texto sobre novos formatos de trabalho, cobrimos várias dessas questões.

A partir daí, entram em campo as tecnologias da indústria 4.0. Com a mudança cultural do modelo antigo para o mindset digital, não há mais o que temer. Eis a receita para que a empresa se torne adaptável, dinâmica e resistente à grande volatilidade do mercado atual.

Trabalhadores precisam se reinventar

Antigamente, os contadores de grandes empresas se ocupavam principalmente com tarefas operacionais, como controlar os livros-caixa e fazer a conciliação bancária. Hoje, há softwares de gestão financeira integrados com o controle de vendas e internet banking que fazem tudo isso automaticamente – e com erro quase zero.

Isso significa que os contadores deixaram de existir? Não, eles apenas se adaptaram aos novos tempos. Deixando de lado as burocracias que máquinas resolvem em segundos, os profissionais da contabilidade podem atuar como gestores estratégicos das finanças de uma organização.

O mesmo acontece com outras tantas posições. Quando suas tarefas são assumidas por robôs, há que se reinventar. Por isso que a multidisciplinaridade é um dos pilares do mindset digital.

Os gestores e colaboradores precisam olhar para seus múltiplos talentos e desenvolver, a partir deles, novos conhecimentos, habilidades e atitudes para se tornarem capazes de atuar em projetos multidisciplinares, com novas demandas a cada ciclo.

E o que vai sustentar essa reinvenção, essa atuação em outros contextos, é a reumanização das relações de trabalho. Com as tecnologias da indústria 4.0 e o mindset digital, as pessoas precisam cada vez mais aprender a trabalhar em rede, interagir e colaborar com áreas diferentes.

Fortalecendo as relações humanas

Alguém pode pensar que, com as máquinas assumindo tantas funções, não há mais tanta necessidade de se preocupar com o capital humano da empresa. Mas a verdade é justamente o contrário. A história nos mostra que a tecnologia por si só não nos torna mais felizes — nunca a humanidade sofreu tanto com depressão e ansiedade quanto hoje.

Investir na humanização das relações é o que falta nessa equação. Em vez de enxergar o outro como um oponente, é preciso criar um ambiente de colaboração, com diversidade cognitiva, que não vai existir sem que os gestores e colaboradores aprendam a se relacionar de um jeito saudável.

Em outros textos de nosso blog, já falamos especificamente sobre algumas das ideias que ajudam nessa transformação. Veja:

Seguindo essas ideias, o capital humano da empresa é valorizado e fica mais fácil fazer a inteligência dos robôs de hoje trabalhar a nosso favor, gerando maior bem-estar.

Quer discutir mais ideias sobre a indústria 4.0 e reumanização das relações de trabalho? Marque um café com a gente 🙂

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